Não exagere nas atividades extracurriculares para as crianças

Natação, judô, dança, aula de língua estrangeira... Atividades extracurriluares são ótimas, desde que não sobrecarreguem o aluno. Leia a matéria publicada no Especial Educação do Folha Vitória.

Você provavelmente já começou a programar a agenda do seu filho para o ano que vem. Talvez matriculá-lo em um curso de inglês... Mantê-lo na natação ou no judô. Ou quem sabe nos dois? Mas, cuidado: você pode estar sobrecarregando demais a criança com atividades extracurriculares! 

É fato que fazer outro tipo de atividade fora da escola é fundamental na educação infantil e permite a formação integral da criança, além delas serem importantes para o desenvolvimento social e intelectual. Artísticas ou esportivas promovem trocas culturais e servem como apoio ao processo de aprendizagem. 

Mas a educadora Sara Rozinda dos Passos faz uma ressalva: é preciso cuidado para não transformar o aprendizado e distração em estresse. O mais importante é fazer o que a criança gosta, não o que a mãe queria fazer quando mais nova e não pôde. “A atividade tem que ter um significado para a criança. Quando é uma atividade motivadora, que enriquece o universo da criança e que  ela gosta de fazer, é ótima e ajuda, principalmente, no campo da disciplina. Agora, se a criança vai empurrada, emburrada, não adianta de nada, ela vai acabar aprontando”.

E como saber que você não está enchendo a agenda do seu filho de atividades? O ponto principal é observar a criança. Se ela começar a demonstrar cansaço, apatia, ficar desatenta e sonolenta, é preciso rever algumas atividades. Sara alerta que cada criança tem o seu ritmo de aprendizagem e para descobrir qual é o do seu filho é preciso muita conversa e atenção. 

Lembrem-se, pais: é importante estimular seu filho a descobrir novas habilidades e diversões, mas é fundamental ensinar também que existe a hora do descanso e do lazer, e o mais importante, a hora de ela ser criança. “Se a criança fica cerca de cinco horas por dia na escola, isso dá 20 horas semanais. Por isso, as atividades extracurriculares não devem passar de duas horas/aula e duas vezes na semana, e acabou. A criança tem que ter tempo para ser criança, senão ela vira um adulto em miniatura, uma criança estressada, elétrica. É preciso administrar o tempo da criança de modo que ela tenha horário para as atividades de casa da escola, as atividades extracurriculares e as brincadeiras”, defende a especialista.

Rafaela Moura Sá, pedagoga do Colégio Renovação, concorda com Sara ao defender um limite de atividades para as crianças. “Muitos pais não sabem que a criança está estressada pelas atividades durante a semana, mas ela fica irritada, chora à toa. Eles acham que a criança está carente, mas não é isso, ela está cansada. É preciso dosar, ver as características, a rotina dessa criança para saber como dosar essa atividade”, sugere.